Revista Criativa entrevista Carlos Fontes (julho de 2022)
“Fazer música original é sempre um pouco arriscado”
“Este é um projeto que nasceu de um mero acaso quando, em inícios de 2020, durante a primeira quarentena, fiz uma colaboração com o músico Luís Barbosa. Estávamos todos fechados em casa e em conversa com o Luís, decidimos fazer uma colaboração musical com um original meu. Este tema era “A Janela” que foi escrito precisamente durante o isolamento.
Foi um projeto que nasceu durante 2020, ano de pandemia, o que acabou por ditar um trabalho mais profundo e com o envolvimento de vários amigos, refere Carlos Fontes, o principal responsável pela idealização do, agora lançado, LP “Misto”.
A intenção não era de todo iniciar um projeto em nome próprio, mas sim fazer música pelo simples gosto de fazer. No entanto, a música teve algum feedback positivo nas redes sociais e isto fez com que me motivasse a querer fazer mais. Então decidi lançar este projeto de uma forma mais séria, quando meses depois lancei o single “Arquiteto do Tempo” de forma oficial. A partir daí continuei a trabalhar em novos temas e decidi ser um pouco mais ambicioso quando assumi querer fazer um álbum. Entretanto lancei mais dois temas, “O Limbo” e “A Pedra”. Em meados de 2021, contactei com alguns amigos músicos, sendo eles, João Nuno na guitarra, João Oliveira na bateria e Pedro Pavão no baixo, para ingressarem neste projeto para me acompanharem ao vivo e, desde então, temos nos vindo a preparar. A 25 de maio de 2022 consegui finalmente lançar o álbum com 10 canções originais.
De facto estes últimos dois anos serviram efetivamente para estruturar e consolidar este projeto. Felizmente, no meio desta paragem da atividade cultural, aproveitei para compor coisas novas, montar o disco e também ensaiar com a banda. Posso dizer que, no meu caso, foi um mal que veio por bem, pois permitiu que me dedicasse mais durante este período.
Este é um álbum que foi gravado na ilha de São Miguel, mais concretamente no pequeno estúdio que tenho em casa. Quando comecei a gravar o álbum, ainda não tinha banda, por isso todo o processo de gravação e mixagem passou por mim, mas tive também uma preciosa ajuda de Luís Xavier nas mixagens. Só mais tarde é que pedi a colaboração do João Nuno, guitarrista que toca atualmente comigo, num solo de guitarra para um dos temas. A masterização, esta ficou a cargo exclusivamente de Luís Xavier do Cubo X.” Sendo todo um mundo novo, Carlos Fontes confessa o entusiasmo natural de ter levado a bom porto o trabalho, fica expectante quanto à adesão do público às sonoridades, sabendo, de antemão, que fazer música original é sempre algo arriscado.
“Este é um projeto relativamente recente, portanto, a expectativa para este álbum, é feita com humildade e pés assentes na terra. Espero sinceramente que as pessoas tenham oportunidade de ouvir o álbum e decidam, por elas próprias, se gostam ou não. Toda a forma de arte é subjetiva, por isso não há certo ou errado. Fazer música original é sempre um pouco arriscado, pois nunca sabemos se vamos ter aceitação do público. Mas posso dizer honestamente que ver nascer um projeto feito pelas nossas mãos do nada é muito enriquecedor e gratificante.”
De que é feito, então, o LP “Misto”? “O “Misto” é na verdade um conjunto de canções feitas a partir de esboços e rascunhos que fui fazendo ao longo dos anos. Este disco é, como o próprio nome indica, um “Misto” de canções e emoções que nos guia entre um turbilhão de sons e estilos musicais. Cada tema neste disco tem a sua própria sonoridade. Há temas que são mais profundos e introspectivos como os casos do “Arquiteto do Tempo”, “O Limbo” e “A Pedra”. Estes são temas muito semelhantes entre si no que confere às mensagens que abordam. E depois há outros temas que falam de assuntos mais simples e banais.
O alinhamento do disco: “O Trono”; “O Limbo”; “Arquiteto do Tempo”; “Morrer Onde Nasci”; “A Janela (com Luís Barbosa)”; “Silêncio”; “Má da Fita”; “Não Esqueci”; “O Conto”; “A Pedra”.” Desde o passado dia 25 de maio que “Misto” está disponível em todas as plataformas digitais, como o Spotify, Deezer, Apple Music, Tidal, Bandcamp, etc.” Quanto ao futuro, Carlos Fontes explica que se há algo em cima da mesa é a possibilidade de ter um registo físico do trabalho.
“No futuro, poderá haver talvez um registo físico deste trabalho. É algo que está em cima da mesa. Neste momento estamos focados em promover este trabalho com atuações ao vivo e tentar levar o nome FONTES o mais longe possível. Assim sendo, vamos tentar agarrar todas as oportunidades que nos apareçam.”
O agrupamento é constituído por um conjunto de pessoas que em algum momento das suas vidas “tiveram aulas nos seus respetivos instrumentos” e “todos eles têm a experiência e a rodagem que adquiriram em outros projetos musicais ao longo dos anos”(…).